AS ADAPTAÇÕES DA ESPÉCIE HUMANA
As adaptações da
espécie humana, Homo sapiens, foram
surgindo e sendo selecionadas ao longo dos milhares de anos da evolução dos
grupos ancestrais que nos deram origem.
As principais
características da evolução humana são:
- Olhos
na frente do crânio e visão estereoscópica, que permite melhor percepção de
profundidade e, consequentemente de distância, tamanho e posição dos objetos.
Além disso, tem a capacidade de enxergar em cores, o que auxilia na
identificação dos objetos;
- Dedos
longos e articulados, com o dedo polegar opositor, permitindo um controle
refinado dos objetos;
- Postura
ereta bípede, permitindo a locomoção usando somente os membros inferiores;
- Tamanho
do cérebro três vezes maior que nos outros ancestrais hominídeos, permitindo a
prática mais elaborada de atividades do dia a dia.
Origem e Evolução do
Ser Humano
África, o berço da humanidade
É comum indagarmos sobre a nossa origem. Viemos
mesmo dos macacos? Antigamente a pergunta era ouvida com desprezo e
incredulidade, mas hoje é recebida com naturalidade.
A origem do ser humano - esse mamífero tão especial
- deve ser analisada, pois o comportamento humano tem raízes num passado
remoto, quando um ser meio macaco, meio humano ocupava as florestas e depois as
savanas da África, onde devem ter surgido os primeiros ancestrais dos seres
humanos.
Há milhões de anos, a África era coberta por densas
florestas e macacos movimentavam-se em bandos. Terremotos, porém, modificaram a
paisagem, fazendo surgir montanhas de até 3 mil metros de altitude ao longo do
continente.
Essas modificações transformaram não
só a paisagem como também o clima: as grandes elevações formaram
uma barreira contra a passagem da umidade tão necessária à manutenção das
florestas; conseqüentemente, as árvores escassearam, diminuindo as áreas de
florestas, em parte substituídas por matas, savanas e desertos.
Há milhões de anos, a formação de
montanhas muito altas impediu a passagem de correntes aéreas, ricas em umidade,
da região litorânea para o interior. O litoral, mais úmido, manteve as
florestas lá existentes, enquanto no interior a vegetação tornou-se escassa.
Posteriormente, outras modificações da crosta
terrestre originaram um grande vale que, estendendo-se de norte a sul,
funcionou como um obstáculo natural às populações animais que viviam no leste e
no oeste.
Separados por essa barreira natural, grupos de
macacos passaram a viver em lugares com condições ambientais diferentes, fato
que propiciou o ambiente ideal à formação de uma nova espécie.
A formação de um longo e sinuoso vale
(Vale da Grande Fenda, Tanzânia), há cerca de 12 milhões de anos, funcionou
como uma grande barreira, impedindo a comunicação entre os animais de regiões
diferentes.
Assim, o destino dos seres vivos que ficaram nessas
novas regiões dependia da adaptação às novas condições do meio; se se
adaptassem sobreviveriam; se não, pereceriam.
Separados por essa barreira natural, os indivíduos
foram sofrendo pequenas modificações que, ao longo de muitas gerações,
resultaram populações com características físicas e comportamentais diferentes
em cada uma das regiões. Assim, alguns desses macacos do passado continuaram
habitando as árvores das florestas remanescentes e originaram o orangotango, o
gorila e o chimpanzé; outros, que ocupavam a região que se modificou, para
poder sobreviver, abandonaram as árvores, aventuraram-se pelo chão
e deram origem aos humanos.
Isso não se deu num passe de mágica,
mas foram necessários milhões de anos em que, gradativamente, foram se
acumulando modificações até se formar uma nova espécie: a humana.
A floresta primitiva apresentava grande variedade
de folhas e frutos comestíveis, alimento farto e variado aos nossos
antepassados que não precisavam deslocar-se a grandes distâncias para obtê-lo
nem de horário certo para se alimentar. Viviam em bandos e saciavam a fome nos
lugares por onde passavam.
Com as mudanças das condições ambientais escassearam
as florestas e apareceram as savanas, e já não havia mais a mesma fartura de
alimento. As espécies, então, iniciaram uma grande competição pelo alimento.
Provavelmente alguns macacos se aventuraram fora do ambiente em que sempre
tinham vivido, para procurar outras fontes de subsistência. Para sobreviver,
modificaram os hábitos alimentares, pois a vegetação escassa forçava-os a
procurar outros alimentos, levando-os provavelmente a especializar-se mais na
caça de pequenos animais para complementar a sua alimentação.
Todas as modificações que ocorreram em seu
organismo que os capacitaram a caçar com mais facilidade provavelmente foram
mantidas, pois, caçando mais, teriam alimentação de melhor qualidade, e esse
fator aumentaria as chances de sobreviver, ter filhos e transmitir as novas
características às gerações futuras.
Seres da mesma espécie, quando se
acasalam, dão origem a descendentes fertéis. O mesmo não acontece quando o
cruzamento se dá entre animais de espécies diferentes.
Fisicamente, porém, havia um grande
empecilho: não possuíam características de caçador. Não tinham presas
desenvolvidas nem garras nem esqueletos que lhes permitissem locomover-se em
pé, olhando por sobre o capim, com as mãos livres para empunhar paus, pedras e
carregar o que coletavam. A caça de animais maiores tornava-se difícil... Algo
deveria mudar.. . Teriam chances de sobreviver?
A evolução do ser
humano
O antropólogo Richard Leakey, em seu livro A origem
da espécie humana, afirma que a primeira espécie de macaco bípede - o fundador
da família humana - era fisicamente diferente dos macacos atuais e devia
alimentar-se de talos, sementes, raízes, brotos e insetos, da mesma forma que
fazem hoje os babuínos das regiões montanhosas da Etiópia. Talvez comesse
animais que já encontrava mortos e, como os chimpanzés, usasse gravetos para
desenterrar raízes ou espantar adversários.
Acredita-se que a partir desse animal, que viveu
entre 5 e 7 milhões de anos atrás, surgiu a família humana.
Mas somente há 3 milhões de anos
aproximadamente os hominídeos (espécies humanas ancestrais) proliferaram e
deram origem a novos tipos: um deles a linhagem do Homo, que originou o
homem moderno.
Entre esse ancestral e o ser humano atual -
conhecido nos meios científicos como Homo sapiens sapiens - houve uma série de
outros tipos.
Por meio dos fósseis sabemos que progressivas
modificações determinaram um aumento da estatura e também do volume do cérebro.
Este quase triplicou, passando de 500 para 1.400 centímetros cúbicos no homem
atual. Como tudo isso aconteceu?
O ser humano originou-se pela seleção natural, o
mesmo processo evolutivo que deu origem a todos os seres vivos.
Fontes:
- MORETTI, Renata. Ciências
nos dias de hoje. 1ª ed. São
Paulo: Leya, 2012. (8º ano).